quinta-feira, 21 de julho de 2022

No big deal


A primeira vez que nomeei o lema do meu ano, foi em 2014. Batizado de "Boa Sorte", homenagem a bela música de Vanessa da Mata, que ouço em tempos de bonanza e sacanagem. Entenda lema como um slogan. 

Desde então, não realizei nenhuma ação parecida até o ano passado, de lema "No Big deal". Acredito que meu interior sente a necessidade de fixar certos parâmetros em momentos importantes da minha trajetória terrestre, mecanismo de auto sobrevivência que gera filosofias internadas e padrões psíquicos para suportar crises. 

O Contexto de 2014, além da vindoura crise político-econômica que não fazia a menor ideia na época, por três motivos, não era sabido do tema, tão pouco importava a um jovem a flor da puberdade e o futuro era uma incógnita. Finalizando o ensino médio, afogando em conflitos morais religiosos, prevendo a angustia da incerteza, restava-me a sorte.

Sorte, não na definição conhecida, do acaso positivo, mas a realidade idealizada e concreta em um coração sonhador. A sorte, sendo criada e desenvolvida diariamente independente das circunstancias negativas, a esperança de cada segundo posterior ser melhor, isso era minha sorte, minha boa sorte. Assim como na canção, eu estava me despedindo de um velho ciclo, do passado, das dores, das falhas, com a esperança real de um futuro/presente melhor. 

Seis anos depois, surge o ceticismo frente aos conflitos do dia-a-dia. Nada é tão grande. Não há gigantes que não possam ser derrubados. That's no big deal. 

Pedro Paso, 2021